A cirurgia profilática para redução de risco de câncer de mama é uma opção para mulheres que apresentam alto risco de desenvolver a doença ao longo da vida. Esse procedimento envolve a remoção parcial ou total de uma ou ambas as mamas antes do surgimento de qualquer sinal de câncer, com o objetivo de reduzir significativamente o risco da doença. A cirurgia é recomendada principalmente para mulheres com mutações genéticas específicas, como BRCA1 ou BRCA2, ou com um histórico familiar forte de câncer de mama.
Quem deve considerar a cirurgia profilática?
- Presença de mutações genéticas (BRCA1 e BRCA2)
As mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 são responsáveis por um aumento significativo no risco de desenvolver câncer de mama e câncer de ovário. Mulheres portadoras dessas mutações têm um risco de até 70% de desenvolver câncer de mama ao longo da vida. Para essas pacientes, a cirurgia profilática pode reduzir o risco em até 95%.
- Histórico familiar forte de câncer de mama
Mulheres com múltiplos casos de câncer de mama em parentes de primeiro grau (mãe, irmãs ou filhas), especialmente em idades jovens, podem ser consideradas de alto risco, mesmo sem uma mutação genética conhecida. O histórico familiar denso pode aumentar a predisposição ao câncer, justificando a consideração da cirurgia.
- Radioterapia prévia no tórax
Pacientes que tiveram radioterapia no tórax em idade jovem, especialmente antes dos 30 anos, têm um risco aumentado de desenvolver câncer de mama. Para essas mulheres, a cirurgia profilática pode ser uma opção para diminuir esse risco.
- Carcinoma Lobular In Situ (LCIS)
O Carcinoma Lobular In Situ é uma alteração nas células dos lóbulos mamários que aumenta o risco de desenvolver câncer de mama invasivo. Embora o LCIS não seja um câncer propriamente dito, ele sinaliza uma predisposição aumentada, e a cirurgia profilática pode ser considerada.
Tipos de cirurgia profilática
O diagnóstico de um tumor benigno na mama envolve uma série de exames, que incluem:
- Mastectomia profilática total
Esse procedimento envolve a remoção completa do tecido mamário de uma ou ambas as mamas, com o objetivo de reduzir o risco de câncer de mama ao máximo. Existem dois tipos principais de mastectomia profilática:
- Mastectomia simples ou total: Remove-se a maior parte do tecido mamário, incluindo a aréola e o mamilo. Esse tipo de mastectomia é menos comum em cirurgias profiláticas por razões estéticas.
- Mastectomia poupadora de pele e/ou mamilo: Nesse procedimento, o cirurgião remove o tecido mamário, mas preserva a pele da mama e, em alguns casos, o mamilo e a aréola. Isso facilita a reconstrução mamária, resultando em um aspecto mais natural.
- Ooforectomia profilática (remoção dos ovários)
Para mulheres com mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2, a ooforectomia profilática, ou remoção dos ovários, pode ser considerada como parte de uma estratégia abrangente de redução de risco, pois também diminui o risco de câncer de ovário, além de reduzir o risco de câncer de mama ao baixar os níveis de hormônios associados ao desenvolvimento do câncer mamário.
Benefícios da cirurgia profilática
O principal benefício da mastectomia profilática é a redução significativa do risco de câncer de mama, especialmente em mulheres com mutações BRCA. Estudos mostram que a cirurgia pode reduzir o risco de câncer de mama em até 95%, proporcionando uma opção preventiva muito eficaz para aquelas com alto risco.
Além da redução de risco, algumas pacientes relatam uma sensação de alívio e controle sobre sua saúde, sabendo que fizeram uma escolha proativa contra o câncer de mama.
Riscos e Considerações
Embora a cirurgia profilática seja uma opção eficiente, também apresenta alguns riscos e desvantagens:
- Complicações cirúrgicas: Como qualquer procedimento cirúrgico, há o risco de infecção, cicatrizes, perda de sensibilidade na área das mamas e possíveis complicações relacionadas à anestesia.
- Impacto emocional: A remoção das mamas pode ter um impacto psicológico significativo para muitas mulheres, afetando a autoimagem, autoestima e identidade corporal. A decisão deve ser cuidadosamente discutida com a equipe médica e, muitas vezes, com o suporte de psicólogos.
- Reconstrução mamária: Após a mastectomia profilática, a maioria das mulheres opta pela reconstrução mamária, que pode ser feita com implantes de silicone ou utilizando tecido do próprio corpo. Embora muitas vezes ofereça resultados estéticos satisfatórios, a reconstrução é um processo que pode envolver várias cirurgias e requer tempo para recuperação.
Decisão informada
A decisão de realizar uma cirurgia profilática envolve uma análise cuidadosa do risco e dos benefícios, além de uma consideração sobre o impacto pessoal e emocional da cirurgia. Recomenda-se que a paciente discuta extensivamente suas opções com seu mastologista, oncologista e uma equipe multidisciplinar, que pode incluir psicólogos e conselheiros genéticos. Testes genéticos, como a análise dos genes BRCA1 e BRCA2, são fundamentais para fundamentar a decisão.